quarta-feira, dezembro 20, 2006

O Sorriso e o Ar

Sereno é o descanso do ar
Sólido na solidão da primavera sem flores
A espera de novos poemas de amores
Dados a quem for capaz de amar

Triste é a boca distante do amante,
Um arco-íris negro que sangra na noite,
Dispersa entre velhos sonhos infantes
De beber a luz como se veneno fosse

Entre tantos, nossos olhos se encontram
Carinhosamente descuidados,
Culpados por esse instante de música
E pelo fim da dor do sorriso calado

São ossos dados ao ar
Que arrebatado por delicado gesto
Despe, sonoramente, o desejo de não desejar
O perfume de sonhos (,) da alegria (,) do universo

O brilho ardente de seus dentes
Que despontam quentes na atmosfera vazia
De amor, antes ar, zéfiro, vento que esfria
A barriga, à luz a alma, toda a magia

Seu sorriso bebe a alegria de ser seu - só seu!
Tanta, que espanta dos corações de quem não canta
A dor que dorme em peito meu

Ida a primavera, para o ar se faz o pranto
Mas não tanto, pois do estio ao frio
A boca o estará permanentemente beijando